sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Era um paradoxo. Quanto mais frio ficava, mais derretia

Podia ser qualquer das estações do ano, eu sentia como se estivesse frio, era como se em meu peito estivesse nevando. Era um gelo que cortava por dentro, de tão frio. Eu parecia estar em mais um daqueles filmes de jogos mortais. Meu quarto era o lugar mais quente do mundo, eu preferia ficar ali do que, até mesmo ir para a Disney onde sempre foi meu sonho conhecer. Mas meu quarto amenizava um pouco daquele frio, então eu preferia ficar ali. A cada lágrima, eu sentia que eu derretia mais, eu me acabava a cada suspiro. A cada música que o mp4 tocava.

Minha mãe chegou a pensar que eu estava realmente depressiva, eu pelo menos nunca havia me diagnosticado como tal, afinal eu não pensava em nada, eu não podia. Toda vez em que eu parava para pensar por qualquer que fosse o motivo, era como se facadas fossem dadas lentamente em meu coração.

Eu não queria a companhia de ninguém, a não ser da minha cama, meu mp4 e no máximo um livro ou a Mindy minha gatinha. Ela ao menos parecia me entender e respondia com o mesmo silêncio que eu desejava.

A neve dentro de mim parecia aumentar gradativamente, conforme as suas atitudes rudemente frias quanto a mim aumentavam. Eu simplesmente não entendia aquilo. Por que aquela mudança tão drasticamente? Sem motivos, sem explicações, sem o menor sentido. Você se tornou, assim do nada, o tipo de pessoa grossa que eu odiava tanto e que você por inúmeras vezes também disse odiar. Você se tornou aquele que disse que jamais seria.

Por vezes cheguei a ver fotos de você e nossos amigos na balada, nas festas mais divertidas que podiam ter, eu não estava lá como de costume. Eu sequer chorava, nem se quisesse não conseguiria. Apenas lamentava e ficava indignada, era difícil pra mim aceitar você tão feliz sem ao menos se importar com o inverno constante que você havia criado dentro de mim. O problema não era você estar feliz, até porque, sempre torci por isso, nunca escondi, mas o que doía era você nem lembrar do meu nome. Assim tão depressa fui deletada da sua vida, sem menor remorso, e sem menor esforço. Dói perceber que você nunca teve valor na vida de alguém, não teve menor significado, pelo menos, não tanto quanto esse alguém tinha pra você.

Doeu também ver que foram poucos os amigos que ligaram para saber o que havia acontecido comigo, mas não foi nenhuma novidade, pois sempre soube que amigos de verdade nessa vida são poucos. Porém, foram esses poucos que supriram sua falta e hoje mal lembro do seu nome. Você ficou tão frio, que foi derretendo aos poucos da minha vida, até sumir. Mas lembro que você me ensinou a não valorizar a presença de quem tem a sua como um “tanto faz” pelo menos eu aprendi, e não serei feita de idiota de novo. Você foi o erro que mais deu certo, pois eu aprendi da pior forma, mas de um jeito necessário. E hoje, como se encontra? Também aprendeu alguma coisa? Espero que sim, quando aprendo, também gosto de ensinar.

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