segunda-feira, 20 de maio de 2013

A vida em fotobiografia




De uns tempos pra cá parece que somos movidos pelo flash. Me refiro ao flash das inúmeras câmeras com lentes atentas à todo instante. É incrível como nos tornamos tão dependentes das fotografias para viver. Está comendo: foto. Está com os amigos: foto. Está na festa: foto. Está lendo: foto. Está respirando: foto.

As pessoas não tiram mais fotos para recordar momentos, mas sim, para torná-las álbum em rede social. Parece que precisamos estar sempre reforçando o quanto se é feliz, é preciso mostrar-se feliz, é preciso espalhar o sorriso que a fotografia apresenta. Sorrisos estes, muitas vezes forçados apenas para o momento da foto. Parece que a ostentação da felicidade vale mais que a própria felicidade.

As redes sociais parecem exigir a nossa vida em detalhes, por isso é preciso de tantas provas de que realmente vivemos algo, é preciso postar em forma de fotografia tudo que sentimos em viver um momento especial. Veja o ponto em que chegamos, somos ingenuamente manipulados.

Eu sou um belo exemplo, sou manipulada pela fotografia, nem tanto pela necessidade de postar, até porque, acredito que menos de 10% de tudo que fotografo vai parar na internet. Mas eu realmente não sei o que é sair de casa sem uma câmera. Costumo dizer que a Michelle, não é Michelle se não estiver com a câmera na mão. Na verdade, eu não sei explicar isso com exatidão, mas parece que eu quero ter sempre como lembrar dos momentos, devo ser manipulada por minha mente, e não, pela própria fotografia. 

Já é possível montar uma fotobiografia com tanto flash, eu diria que cada sorriso é um flash. Tantas fotografias são boas para podermos recordar depois. No entanto, o que não pode, é tornar-se manipulado pela quantidade de “likes” no facebook que se pode ganhar com um momento registrado por um click.

E eu de novo dando às caras pelo Jornal O CORREIO. Crônica escrita por mim, publicada hoje dia 20 de Maio. Mais uma oportunidade que devo agradecer ao ilustre Vinícius Severo ;D